1. O começo
Eu estava na casa das minhas melhores amigas, Elise e Lisie. As primas delas também estavam lá. Fomos para o quarto e conversamos sobre assuntos de garotos também contamos histórias de terror. Mas, uma coisa estranha aconteceu quando Nathália, uma das primas da Elise e da Lisie olhou meus olhos:
---Ei! Olhem os olhos da Mírian. As pupilas dela aumentam e diminuem! --- Nathália era morena de olhos e cabelos castanhos. Sua irmã, Violet era igual com algumas diferenças: Violet era muito magra, mesmo tendo 18 anos ela era magra como uma garota de 15; Ela tinha uma cicatriz estranha no rosto quando eu havia lhe perguntado, ela dissera que um dia estava nadando numa cachoeira e arranhou o rosto numa das rochas.
Nathália, Elise, Lisie e Violet se olharam com os olhos arregalados. Eu fiquei sem entender nada, mas mesmo assim respondi:
--- Ah, não. Isso sempre acontece. É normal dos meus olhos. E...
--- Temos que contar para ela! --- interrompeu-me Lisie.
Isso começou a me assustar, o que havia de errado comigo? Eu era alguma aberração?
--- O que está havendo? Expliquem-me, estão me assustando!
--- Acalme-se Mírian! Não há nada de errado! Nós vamos lhe explicar. --- começou Violet.
--- Escute: nenhumas das pessoas nesse quarto são completamente humanas. --- continuou Elise.
Agora já era demais. Eu era algum alienígena agora? Eu devia estar sonhando ou tendo alguma alucinação.
--- Como assim? --- Meu tom de voz indicava que eu estava questionando a sanidade delas.
--- Lembra daquela saga que a gente sempre vê? A Saga Crepúsculo?--- perguntou-me Nathália.
--- Claro, eu vejo o filme ou leio o livro todo dia.
--- Lembra da alcatéia dos lobos? A alcatéia Quileute?
--- Claro que lembro.
--- Então, a Violet e a Elise são como aqueles lobos. Elas são uma espécie de Lobisomens.
--- Você está brincando, não é? Onde estão as câmeras? Quero saber que tipo de brincadeira é essa.
--- Eu queria estar brincando. E não tem câmera nenhuma!
Eu tive que acreditar, afinal, quando eu havia ido a uma festa do pijama na casa da Elise e da Lisie as primas dela foram junto. Antes de começar a festa --- eu havia chegado mais cedo --- elas ficaram subindo nas árvores que tem lá. E quando eu acordei de noite a Violet estava sentada num galho uivando.
--- E as características dos olhos dos lobos são: uma linha azul em volta dos olhos. E as características dos olhos dos vampiros são as pupilas que diminuem e aumentam.
E então eu disparei a rir; isso parecia uma piada. Eu ri tanto que caí no chão, mesmo depois de levar um tombo eu continuei rindo como uma louca. A Lisie me ajudou a levantar e disse:
--- Pare de rir, não é brincadeira.
--- Vocês devem ter enlouquecido! Acho que vou ligar pra uma psicóloga. Vocês precisam de tratamento! Querem mesmo que eu acredite que eu sou uma vampira? Eu queria ser, se isso fosse possível, mas não é! O que mais? Papai Noel existe também? Estão loucas! --- comecei a gritar.
--- Já terminou com o ataque dos nervos ou vou ter que pegar um calmante pra você? --- Elise tentou me deixar calma.
--- Vocês me falam essas maluquices e eu que estou tendo um ataque dos nervos? Acho que vou internar vocês num hospício.
Ouvindo isso, Nathália correu para a porta e fechou com uma chave, como se quisesse me impedir de sair dali. Acho que ela deve ter levado a história do hospício a sério. Então eu disse com esperança de tranqüilizá-las:
--- Nathy --- Esse era o apelido da Nathália. ---, pare com isso, eu estava apenas brincando.
--- Ah, tá. Desculpe.
--- Mírian, francamente, você nunca notou que você é uma vampira?
--- Bem... Eu sempre quis ser, se isso existisse. Mas não existe.
--- Me diga: Você consegue ouvir coisas que estão muito longe?
--- Sim, mas isso não tem nada a ver...
--- Você acha que a Violet e a Larissa têm cheiro de cachorro? --- disse Nathy com um pouco de piada na voz.
--- Sim, mas elas estavam brincando com os cachorros e...
--- Seu filme preferido é sobre vampiros, não é?
--- Sim, mas isso por que eu adoro romances e...
--- Quando você fica com raiva tem vontade de rosnar, não é?
--- Sim, mas...
--- Pense no que estou lhe dizendo, o.k? Vá para casa e reflita um pouco. Quando entender o que você é, me ligue.
--- Vou pensar, mas tenho certeza que eu não sou uma vampira. Tchau. Até logo.
--- Tchau amiga. Pense no que eu disse.
Peguei meu carro e fui dirigindo pro meu apartamento. E fiquei pensando: O que faz uma garota de 19 anos começar a falar que vampiros e lobisomens existem? Não sei. Mas de uma coisa tenho certeza, essa garota devia estar tendo alucinações. Prometi a mim mesma que assim que chegasse em casa iria pesquisar sobre problemas psicológicos.
Cheguei em casa morta de cansaço, assim que abri a porta do apartamento comi um pouco de arroz com batatas fritas e fui dormir. No começo, até que consegui dormir bem, mas depois sonhei pesadelos estranhos, relembrando partes do que as minhas amigas haviam dito e como eu agia “normalmente”, mas esse “normal” sempre assustava alguém que começava a dizer que eu era estranha.
Acordei assustada às três da manhã. Não consegui dormir de novo, então resolvi ligar a TV pra ver se tinha algo legal passando. O único problema: em todos os canais de televisão estava passando filme de terror... Sobre um único assunto: Vampiros lutando contra lobisomens. Chateada, desliguei a televisão e fui procurar um filme no meu armário. Logo encontrei o que desejava: Um filme de terror com um nome que parecia inofensivo: A noite dos mortos-vivos. Coloquei o filme no DVD e comecei a assistir. Outro problema: O DVD não conseguiu ler o disco e quando eu fui ver, o disco tinha rachado ao meio. Decidi pegar um dos meus livros para ler um pouco, mas a maiorias das histórias eram sobre vampiros. Entrei no computador e pesquisei sobre vampiros e não achei nada que não fosse uma piada ou uma brincadeira de mau gosto. Tentei voltar a dormir, mas não consegui: Tive muitos pesadelos terríveis. Levantei de novo, troquei de roupa, escovei os dentes e comecei a arrumar o apartamento. Não havia muito que arrumar então liguei a televisão e coloquei no noticiário. Esperei dar sete da manhã e peguei o celular, disquei o número da Nathy e esperei que ela atendesse, para minha surpresa, ela atendeu rápido.
--- Oi amiga.
--- Oi. Já está acordada?
--- Estou. Eu tenho pouco sono.
--- Você pode, por favor, passar aqui em casa?
--- Posso. Aconteceu alguma coisa?
--- Mais ou menos. Aconteceu algumas coisas estranhas aqui em casa. Eu te explicarei depois. Te vejo daqui a pouco. Tchau.
--- Eu chegarei à sua casa daqui a uns dez ou vinte minutos. Tchau.
Desliguei o celular e comecei a assistir à televisão. Estava passando um programa de culinária. A campainha tocou e eu corri para a porta. Era a Nathy.
--- Oi amiga.
--- Oi. O que houve? Você parecia preocupada.
Nós nos sentamos no sofá e eu não sabia o que dizer, parecia uma maluquice.
--- Eu acho que enlouqueci. Eu tive pesadelos terríveis com o que vocês me disseram. E eu percebi uma coisa.
--- O que você percebeu?
--- Desde criança eu sempre gostei de vampiros. Eu estou com medo.
--- Medo do que? Pensei que você quisesse ser vampira. Pensei que ficaria feliz.
--- Eu sempre quis ser vampira. Eu estou um pouquinho surpresa, mas estou feliz. A minha vida nunca mais vai ser normal. --- comecei a rir. --- Agora sei por que, mesmo aos dezoito anos eu gosto de subir em árvores. --- Eu estava rindo como uma louca.
--- Tem razão. Sua vida nunca mais vai ser normal. --- Ela também estava rindo como louca.
De repente um uivo estrondoso veio de longe e a Nathália se levantou e pulou pela janela da sala (tudo bem que eu morava no primeiro andar, mas a altura ainda era meio grande) eu fiquei preocupada e olhei pela janela ela tinha caído como um gato. Eu gritei de lá de cima:
--- Você está bem?
E ela respondeu:
---Pule, a Violet e a Elise estão com problemas!
Como assim “pular”? Eu não! Aquela altura certamente iria me causar uma fratura.
--- Pule logo! Não vai se machucar!
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